segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crítica - "As Aventuras de Tintim" (2011)

"Trazendo um filme visualmente espetacular e de início brilhante, Spielberg novamente se perde do meio para o fim".

Confesso que este era um dos filmes que mais esperava neste ano. Não pelo Tintim em si, mas para ver o que Spielberg iria fazer depois de decepcionar tanto nos últimos anos.

Diz Spielberg que conheceu os quadrinhos Tintim quando compararam, na década de 1980, seu Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida ao personagem criado pelo belga Hergé. E mais ainda, que Hergé havia dito ao cineasta, semanas antes de morrer, que se um dia seu trabalho virasse filmes ele gostaria que fossem dirigidos pelo americano.

A estréia de Tintim nos cinemas veio via animação computadorizada, com atores reais tendo seus movimentos capturados e produzido para ser em 3D. Pelo menos visualmente, o resultado é extraordinário. Imagens de encher os olhos, e uma perfeição na expressão facial dos personagens computadorizados que jamais vi. Isto sem contar o 3D, que é um show a parte. O 3D é muito bem aproveitado, planejado, vale bastante a pena pagar um ingresso mais caro para vê-lo.

Tintim começa muito bem. Só as animações dos créditos iniciais do filme já são um show a parte. Mas então a história começa, somos apresentados ao mundo de Tintim com tomadas geniais feitas dos mais diversos ângulos, e com doses perfeitamente sincronizadas de ação, humor e suspense.

O filme continua em alta - e cada vez melhor - até pouco mais de 30 minutos, quando enfim conhecemos o Capitão Haddock e sua história. Mas logo após que Tintim resgata o Capitão de seu próprio barco as coisas desandam. Basicamente não há mais história pra contar, já sabemos tudo... então eis que Spielberg preenche o resto do filme com initerruptas cenas de ação e roteiro zero.

Sou um enorme fã de Indiana Jones. E reconheço que "muitas cenas de ação e pouco roteiro" igualmente poderia descrevê-lo. Mas por quê então os filmes antigos de Indiana Jones (e de Spielberg) são tão melhores que o novo Indiana Jones e este Tintim (ambos de Spielberg)? Bem, no caso de Tintim há duas explicações fundamentais.

Nos Indiana Jones de antigamente, entre as cenas de ação havia espaço para o desenvolvimento dos personagens. O que não acontece nesta adaptação. Você assiste o filme mas Tintim continua sendo um desconhecido. Porém é o segundo ponto que realmente derruba a história: em alguns momentos Spilberg trata o filme como desenho.

Exemplifico isto com uma cena de baixo spoiler, podem ler: vemos um Tintim descordado muito proximo de ser decaptado por uma hélice de avião em movimento. Após minutos de tensão, Haddock enfim consegue salvá-lo... com ele mesmo sendo arremessado na hélice! E o que acontece? Haddock rodopia pela hélice várias vezes até ser arremessado a distãncia. Igualzinho se tivéssemos assistindo desenhos do Tom e Jerry ou do Papa-léguas. O diretor parece não perceber que várias cenas impossíveis como esta anulam o "suspense" das demais cenas de ação.

Eu entendo perfeitamente que Hergé sonhasse com o Spielberg da década de 80 dirigindo sua criação. Mas se ele conhecesse o Spielberg atual, provavelmente teria mudado de idéia. De minha parte, desisti de Spielberg de vez.

Se você leu até aqui, e agora está desanimado para assistir o filme, algumas ressalvas: apesar de tudo, dá para se divertir com o filme, principalmente se assistido em 3D. E a crítica especializada elogiou muito este filme, sou mesmo minoria nas minhas reclamações.

Nota 6,5, porém puxada muito mais pelas qualidades técnicas do que pelo roteiro.

2 comentários:

marcos.moreti disse...

Ivan, seu rabugento inconfundível, e olhe que essa observação é só pela crítica...rs Depois que eu assistir o filme comento mais a respeito. ;-)

Ivan disse...

Hehehe. Ah, eu gosto tanto de cinema que não aceito coisas bem feitas pela metade. Mas assista sim o filme, fico aqui no aguardo pelos seus comentários. :)

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