domingo, 19 de fevereiro de 2012

Crítica – “O Artista” (2011)


“Filme de imersão às décadas de 20 e 30, merece a maioria das 10 indicações ao Oscar que recebeu”

Filme franco-belga, “O Artista” vai além de homenagear os filmes de Hollywood do final da década de 20: ele se propõe a fazer o espectador a reviver esta época dentro da sala dos cinemas. Portanto, o filme de 1h40min é inteiramente mudo, em branco e preto, com os "movimentos" (frame rate) um pouco mais acelerados que o normal (mas não tanto como seria nos filmes antigos). E mais ainda, no formato 1,37:1 (a tela é quase quadrada, bem diferente do formato 2,35:1, o maior formato atual). Exatamente como seria se você entrasse num cinema em 1927. A experiência causa estranheza, não sendo portanto agradável para boa parte do público. Mas para quem consegue superar o estranhamento, vale toda a pena assisti-lo.

Nele vemos a decadência do grande astro do cinema mudo, George Valentin (Jean Dujardin), com a chegada dos filmes falados. Simplesmente incapaz de se adaptar com os novos tempos, sua queda é vertiginosa. Em paralelo uma jovem admiradora, Peppy Miller (Bérénice Bejo), surge ao mundo do Cinema (com alguma ajuda de Valentin) e se adapta muito bem ao cenário, se transformando em uma grande estela. Esta contraposição, e a relação entre os dois atores é o tema principal da película.

É sem dúvida uma belíssima história de drama, de amor. Suportada por excelentes atuações da dupla de atores principal e tecnicamente bem feito, dá gosto ver a preocupação do diretor com os mímimos detalhes da produção.

É o melhor filme que assisti até agora em 2012, mas ele possui um pequeno defeito: a falta de originalidade do roteiro, que se encontra no tênue limite entre homenagem e plágio. É uma história já bastante explorada por diversos filmes, como por exemplo “Cantando na Chuva” e "Nasce uma Estrela". Eu mesmo, logo nos primeiros segundos de várias cenas já sabia como elas se encerrariam.

Mais uma vez, definitivamente não espere por surpresas no enredo. A única novidade que o filme traz são as cenas que abusam da metalinguagem. Mas mesmo elas, brilhantes no começo, se desgastam ao longo da projeção.

Como disse no começo, o filme merece a maioria das 10 indicações de Oscar que recebeu. Só discordo do “Roteiro” e “Trilha Sonora” devido a falta de originalidade de ambos. Acho pouco provável que Jean Dujardin deixe de levar o Oscar de melhor ator. Mas, vamos aguardar. Nem sempre a Academia é justa e/ou lógica.

Nota: 8,5.

2 comentários:

Andréia disse...

Devo dizer que discordo em relação à Trilha Sonora... Achei que foi impecável ao ajudar a criar os vários climas ao longo do longa... Há uma cena em que não se ouve um ruído, onde nem mesmo a platéia respira para não quebrar o silêncio, genial!
'Teacher' Andréia

Ivan disse...

Oi Andréia! Me lembro desta cena, é muito bem feita mesmo! De qualquer forma, reforço que considero o Trilha Sonora muito boa! Só acho que ela peca por falta de originalidade. E não se intimide por favor de escrever aqui e discordar comigo... Não só existe a velha máxima de que "cada um tem seu gosto", como também ainda tenho muuuuuuuito a aprender sobre Cinema. ;)

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...