segunda-feira, 23 de julho de 2012

Crítica – “Na estrada" (2012)

Road movie incomum, filme retrata a Geração Beat sem empolgar”.

Gosto bastante dos Road Movies. De maneira geral, retratam a história de um grupo pequeno de pessoas que, na tentativa de “se descobrir”, abandona tudo e cai na estrada, geralmente sem rumo certo. Durante a viagem, as mais inusitadas situações aparecem – talvez seja esta total imprevisibilidade o principal motivo de eu gostar destes filmes – e no final (seja isto um fator positivo ou negativo), em muitas vezes não há uma conclusão, redenção, ou moral da história.

“Na estrada” é a adaptação de um livro símbolo da Geração Beat, “On the Road” (o mesmo nome do filme, no original) de Jack Kerouac. Com um título destes, somado à sinopse e Trailers divulgados, imaginava que iria assistir um Road Movie. Nem tanto.

A história começa nos apresentando o jovem escritor Sal (Sam Riley), sem idéias para escrever seu “grande livro”, quando então lhe é apresentado o "bad-boy" Dean (Garrett Hedlund) e sua namorada Marylou (Kristen Stewart). O desejo da dupla é simplesmente fugir de onde está para curtir a vida. E Sal, fascinado por ambos, resolve acompanhá-los na jornada com objetivo de encontrar material para escrever. Ou seja, nenhum personagem está buscando seu autoconhecimento.

O destino da viagem também não é desconhecido, pelo contrário. Eles atravessam os EUA, mas para visitar algum amigo, ou rever a mãe, ou rever algum(a) ex. E nestas visitas, se estabelecem por lá, passando semanas ou meses. Não há portanto tanta “estrada” nesta história.

Se o filme é diferente em seu universo apresentado, esta qualidade não pode ser dita do roteiro, bastante repetitivo. Em cada local que os personagens chegam, acontece sempre a mesma coisa: sexo, drogas, sexo, dança; diálogos reclamando da vida e de declarações apaixonadas de “Bromance”. Não há nenhum grande acontecimento, nenhum clímax, o que torna o filme bastante cansativo, até enfadonho.

Não há como negar, entretanto, que a película faz bem o que propõe: documentar a tal Geração Beat. E o registro impressiona visualmente. As imagens não são filmadas em primeira pessoa mas mesmo assim, devido às câmeras estarem sempre muito próximas dos atores, temos uma sensação muito forte de “fazer parte” do filme. Mais ainda, por estar sempre acompanhando o mesmo nível do olhar dos personagens, a câmera nos convence que “realmente” estamos dentro do carro viajando com o trio, ou participando de suas “festinhas”.

E se geralmente os Road Movies não trazem uma moral da história, o padrão é alterado mais uma vez ao trazê-la. E é um desfecho que me agrada, principalmente por ser verossímil.

Em resumo, se “Na estrada” é muito bom tecnicamente, bom como relato histórico, mas fraco em roteiro e personagens (obs: os personagens não nos comovem, porém as atuações dos atores são muito boas). Mesmo sendo bem falado pela crítica em geral, a meu ver só deve agradar os fãs da Geração Beat. Que não é meu caso.

Nota: 5,0.

PS: “Na estrada” foi vendido no cinema que fui como filme nacional. De brasileiro, o filme só tem o diretor (Walter Salles), uma atriz coadjuvante (Alice Braga) e... parte do dinheiro. Sim, o filme é co-produção nacional e recebeu apoio da Ancine; portanto faz sentido ser vendido como filme nacional. Só não faz nenhum sentido, pra mim, apoiar um filme sobre um movimento cultural estadunidense dos anos 50...

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