segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Crítica - Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)


"Christopher Nolan entrega o melhor de todos os Batman"

"Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" quase não funciona individualmente. Está bastante relacionado com os dois filmes anteriores da "trilogia Batman" do diretor Christopher Nolan. Portanto, começo minha crítica com um alerta: assistam os dois filmes do Batman antes de assistirem este. E dou a mesma recomedação para quem ler este texto, já que estarei contando aqui detalhes importantes do "Batman 1" e "Batman 2".


Após sofrer com alguns filmes de qualidade e gosto duvidosos, Batman receberia em 2005 das mãos do diretor Christopher Nolan enfim um bom filme. Um completo recomeço nas telas, vimos um Batman mais sério e realista do que nunca. Inclusive com direito a críticas sociais. Um de seus poucos "defeitos" foi usar dois vilões, deixando a trama um pouco desfocada. A presença de Ra's Al Ghūl, cujo misticismo e motivações de difícil compreensão contradiziam um pouco o clima de "alto realismo" do filme e também não me pareceu uma escolha acertada.


Três anos depois, veio "Batman - O Cavaleiro das Trevas". Uma sequência que conseguiu ser superior ao já muito bom "Batman Begins". Desta vez, tínhamos no Coringa de Heath Ledger um dos melhores vilões de todos os tempos. Um filme que poderia ser perfeito, entretanto teve um final catastroficamente ruim. Centena de psicopatas criam "bom coração" de uma hora pra outra; e em outra cena Batman decide assumir um assassinato sem nenhuma explicação racional para isto.

E infelizmente, ao optar por fazer uma trilogia "de verdade" com os três filmes bem inter-relacionados, o novo filme de Batman traz em sua história bastante conteúdo que são consequências das escolhas erradas dos filmes anteriores.

Mas a boa notícia é que este legado ruim não tira a força do filme. E o filme é muito bom, extremamente bem executado. Muito boa fotografia (planos bem abertos nos mostram a grandeza dos ataques realizados e se alternam com planos bem fechados que nos jogam pra dentro das batalhas). E muito bom uso da parte sonora. Sim, é verdade que usar do som para reforçar os momentos de perigo, heroismo, etc é um recurso barato. Mas como foi bem utilizado por Nolan! Por isto tudo, recomendo fortemente que você veja este filme nos cinemas.

Na história, Batman (Christian Bale) está inativo há 8 anos, até que surge um vilão forte e malvado o suficiente - Bane (Tom Hardy) - para tirá-lo da aposentadoria.

O Coringa do filme anterior era insano mas ao mesmo tempo muito inteligente, e fez um grande estrago sozinho. Mas o que aconteceria se surgisse alguém até mais inteligente, menos insano, e tendo a disposição muito mais recursos? Este é o Bane apresentado no filme, que levará Batman (e Gothan) a desafios além de suas forças. Bane "rouba" a cena quase tanto quanto o Coringa roubou no filme anterior. É bastante assustador e convence como o "maior desafio de Batman".

A história é boa (não é excelente devido aos problemas "legados"), e mais uma vez bem realista. Exemplos: com a tecnologia de hoje, por que Batman ficaria se pendurando pra lá e pra cá com cabos para perseguir os bandidos? Bem, agora ele tem uma opção bem melhor pra "voar"; também temos a Mulher Gato (Anne Hathaway) de maneira tão real que sequer é dito que ela é a Mulher Gato no filme todo. Nem tudo é 100% crível, é verdade... há uma ou outra "forçada de barra" (a facilidade que Batman se recupera de ferimentos, por exemplo), mas nada que comprometa.

Por chegar aos cinemas apenas meses após o filme dos Vingadores, a pergunta que fica é: quem é melhor? Bem, eles tem qualidade equivalentes, porém apostam em estratégias diferentes.

Em Vingadores há muito humor. Em Batman, tudo é levado muito a sério. Em ambos os filmes, seu final é excelente. Mas se em Vingadores o final é um show de ação, em Batman vemos um show de roteiro.

O final deste Batman é excepcional. Tudo teve sua razão de ser e se encaixa perfeitamente no fim. Lembra muito o ótimo final do ótimo filme "O Grande Truque", não por acaso do mesmo diretor.

"Batman 3" talvez fique atrás de "Batman 2" em história. Porém, por não ter o final ruim do seu antecessor e sim o extremo oposto disto, é um filme mais coeso e por isto o melhor Batman já feito. A trilogia se encerra de maneira muito digna.

Nota: 8,5.

PS: nem preciso dizer o quanto um filme dublado é pior do que o filme no idioma original. Mas neste caso há um motivo ainda maior para ver o filme legendado. Bane. É através de sua voz que vemos o quanto ele é sarcástico e assustador. E mais ainda, sua voz é muito parecida com a do Deckard Cain. Tem como um personagem não ser fantástico com uma voz destas? :P

Um comentário:

marcos.moreti disse...

Vamos lá, grande Ivan, discordo quanto às críticas ao segundo filme: é otimista pensar naquele desfecho para a questão dos barcos, mas não considero pouco plausível ou mesmo provável. Da mesma forma, do ponto de vista do Batman não havia outra saída: ou ele assumia os crimes e a morte do Harvey Dent, ou deixava a imagem do 'cavaleiro branco' de Gotham maculada, o que estragaria os planos para combater a criminalidade de forma efetiva e legal.

Sobre o terceiro filme, concordo plenamente que é um final excelente para a trilogia, colocando-a no Hall das grandes como: Senhor dos Anés, Indiana Jones, Star Wars e De Volta para o Futuro. Temos um Batman tão teimoso quanto inteligente, um detetive que todo o momento nos lembra de outro(s) personagem(ens) do universo do Morcegão (aliás, eu preferiria uma referência menos explícita, mas pode ser cisma de fã), um Comissário Gordon digno de sua importância para a história e uma Selina Kyle apaixonante, embora esperasse mais sensualidade nela. Além disso, o vilão é uma ameaça tanto física quanto psicológica, provando ser um adversário à altura para finalizar a história que Nolan queria nos contar.
Chegamos então, ao coadjuvante de luxo dessa série: Alfred protagoniza as cenas de maior peso dramático e é quem dá sentido ao final.

Só não tira nota máxima porque as 'forçadas de barra' são o que enfraquecem um pouco o roteiro, justamente por seu caráter tão pautado na realidade... Para mim, é nota 9.0 e para mim, hoje é o que eu mais gosto, que mais me diverte, mesmo considerando o segundo um filme um pouco melhor.

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