terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crítica: Looper – Assassinos do Futuro (2012)

“Com ótimo ritmo e universo bem construído, filme surpreende ao ser bom”

Estamos em meados de 2040. A viagem no tempo ainda não foi inventada. Mas será inventada 30 anos depois. E os criminosos do futuro transportam suas vítimas para 2040, onde assassinos locais (os Loopers) são contratados para apagar estes “problemas” sem deixar vestígios.

É neste contexto que conhecemos Joe  (Joseph Gordon-Levitt), um jovem porém competente Looper que tem sua rotineira vida completamente alterada quando a próxima pessoa que lhe é enviada para matar é sua própria versão 30 anos mais velha (Bruce Willis).

Com esta sinopse e atores, o normal seria termos um filme com muita ação e viagem no tempo. E os temos, embora a história não empolgue nestes aspectos. ”Looper”, entretanto, encanta pelo universo muito bem construído. Ao longo da história, somos naturalmente apresentados a dezenas de características e temas da ficção científica, de maneira fluida, sem nenhum didatismo chato, como temos por exemplo em “A Origem”.

A trama apresenta algumas “forçadas de barra” mas é salva principalmente pelo seu ótimo rítmo. A história prende a atenção do expectador o tempo todo, por ser bastante imprevisível e principalmente pela eficiência com que a tensão aumenta gradativamente até seu clímax.

Confesso que assistir “Looper” não era uma de minhas prioridades, pois sobre ele eu tinha dois preconceitos.

O primeiro era ter que “aguentar” Joseph Gordon-Levitt como protagonista. Nunca conseguira desassociar dele a imagem do pirralho de “3rd Rock from the Sun”. Mesmo suas elogiadíssmas atuações em “A Origem” e “Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge” não me convenciam. Mas agora convenceu. Sim, claramente ele usa maquiagem para se parecer com Bruce Willis. Mas sua ótima atuação vai além da transformação física. Ele consegue imitar os trejeitos de Willis muito bem, culminando num personagem bem diferente de seus papéis anteriores.

O segundo preconceito se refere a ser filme de “Viagem no Tempo”. A cada 10 filmes do gênero, 9 são confusos e simplesmente não fazem sentido. Aqui o filme nem chega a confundir muito; mesmo assim sua lógica é frágil. Sabe aquela máxima do "altere o presente e automaticamente se altera o futuro"? Isto é bastante explorado, porém as mudanças estranhamente só acontecem com os Loopers. Eles mudam, mas tudo ao seu redor aparentam ficar imaculadamente inalterado, o que não faz muito sentido. É emblemático que no primeiro encontro entre Joe do presente e Joe do futuro, Bruce Willis grita revoltado: "não perca seu tempo tentando entender viagens no tempo!". Isto vale mais para quem assiste o filme do que para Gordon-Levitt. E ainda piora. No meio da trama temos uma pequena cena, de míseros dois segundos, que entra em contradição com o desfecho da história, enfraquecendo seu final.

Felizmente, estes "deslizes temporais" pouco comprometem. Como disse anteriormente, viagens no tempo não são os maiores atrativos de “Looper”. Fique com seu universo ultra diversificado, seus personagens, seus diálogos, e você terminará com uma boa diversão. Nota: 7,0.

Um comentário:

Ivan disse...

Uma retificação. A tal "cena, de míseros dois segundos" não entra em contradição com o resto do filme, ela está correta. Quem entra em contradição no final é o personagem de Joseph Gordon-Levitt. O que nos leva a seguinte dúvida: foi o personagem que errou, o roteirista do filme?

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