sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crítica - "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" (2012)


"Quando mais é menos".

Agora sim, a aguardada crítica sobre o filme, ignorando seus 48 fps (se quiser ver minhas impressões sobre o HRF, clique aqui).

Temos em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" mais uma adaptação dos livros de J.R.R. Tolkien. Na verdade, Hobbit é o primeiro livro do autor dentro do universo da Terra Média, escrito cerca de 17 anos antes de "A Sociedade do Anel". Aqui o herói que dá nome à aventura é o hobbit Bilbo Bolseiro, tio de Frodo.


Se pararmos para pensar: o roteiro original vem de J.R.R. Tolkien, que dispensa comentários. A direção vem de Peter Jackson, que já mostrou bastante competência com a trilogia do Senhor dos Anéis. Com esta dupla, era pouco provável que Hobbit desse errado. E não deu. "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é um bom filme, no pior dos casos um bom entretenimento. Todo o encanto, aventura, e qualidade técnica que vimos nos filmes do Senhor dos Anéis está de volta.

Aliás, tecnicamente, temos duas novidades bem interessantes: primeiro, a filmagem a 48 fps; e segundo, várias cenas com tomadas aéreas "de curta/média distância". Desta maneira, conseguimos desfrutar as paisagens e as batalhas de uma maneira inédita e privilegiada, onde temos uma completa noção de onde/como se passam as ações.

Tudo isto serve para agradar os olhos. E "O Hobbit" também é eficiente em agradar o coração, pois nele também temos as esperadas cenas com dose certa de emoção e heroísmo. Para fechar o pacote, só faltaria a parte de agradar a mente (roteiro). E é aí que a aventura de Bilbo falha, e bastante.

A ganância dos envolvidos com a trilogia nos cinemas fez que um livro infantil fosse dividido em TRÊS longos filmes. Obviamente, muita coisa extra livro precisaria ser acrescentada para preencher três produções. E é uma pena que são exatamente as partes "extra livro" que enfraquecem a trama.

Logo de cara, temos DUAS introduções ao filme. A primeira, totalmente irrelevante, só serve para mostrar Frodo, ou seja, fazer uma ponte entre as duas trilogias. Ainda para reforçar a ligação entre as duas trilogias, temos aparições de personagens extra-Hobbit, como por exemplo Saruman, Galadriel e o mago Radagast. A participação destes personagens sob justificativa de uma "grande e misteriosa força do mal" descaracterizam a obra original, dando a Hobbit um tom muito mais sombrio do que a aventura "leve" do livro.

Radagast aliás, é um dos pontos mais baixos do filme. Sua participação abrupta não somente quebra totalmente o ritmo da história, como é um personagem exageradamente caricato, deslocado do mundo apresentado.

A necessidade de "fazer o tempo passar" fica evidente nos diálogos - alguns repetitivos e desnecessários - e principalmente nas batalhas. Sim, batalhas com trolls, orcs, gigantes de pedra... tudo isto está no texto de Tolkien. Mas o que deveriam ser batalhas simples foi realizado de maneira tão grandiosa, tão inverossímil,  tão carregada de efeitos especiais que remetem aos piores momentos da nova trilogia do Star Wars de George Lucas.

Curiosamente, este "inchaço" não pode ser creditado exclusivamente à ganância de Hollywood. Parte da culpa é do diretor Peter Jackson. Afinal, o lucro com três filmes já estava definido e garantido, e ele poderia simplesmente fazer cada filme com cerca de uma hora e meia. Mesmo assim Jackson fez questão de fechar o primeiro filme da trilogia com absurdos 169 minutos! (E isto não é surpresa pra mim... Lembram?).

Apesar de seus defeitos repito que "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" ainda consegue ser um bom filme, e vai agradar quem gostou de "O Senhor dos Anéis". Devido sua longa duração, a história chega a cansar um pouco, mas isto é amenizado devido ao constante encantamento que temos explorando novos trechos do universo de Tolkien. O primeiro filme Hobbit é definitivamente inferior a qualquer um dos três "Senhor dos Anéis", mesmo assim, ainda diverte. Nota: 7,0.

7 comentários:

Unknown disse...

Concordo que o filme poderia ser mais curto (algumas batalhas, como a dos orcs, poderiam ser bem mais curtas e ainda assim serem longas o suficiente).

Mas gostei dos "acréscimos", basicamente por dois motivos: (1) eles deixam sim o filme mais sombrio, o que é bom, IMHO, uma vez que equilibra a história melhor com a outra trilogia; e (2) dão um maior sentido de propósito e continuidade à história, não só deste filme, mas também da própria trilogia e também da saga completa.

No livro original, as aventuras são muito episódicas e desconectadas de um todo. No filme do PJ é possível entender pq os anões querem sua montanha de volta, pq Gangalf quer ajuda-los, pq os trolls estavam ali (no livro tudo isso é simplesmente acaso e Deus ex Machina).

E o Castanho é realmente caricato, mas melhor um Radagast que um Bombadil, né? ;-)

[]s
Heleno

Rafael Pires disse...

Sim, o filme poderia ter uma hora a menos, mas os enxertos no roteiro não são invencionices de Peter Jackson, estão em apêndices, outros livros, etc, inclusive a reunião do Conselho.

O que me incomodou de verdade foi a trilha sonora. Enquanto a trilogia original esbanjava neste queito, O Hobbit fica em cima de instrumentalizações da canção dos anões o filme todo! O que me deixou ansioso no trailer, me cansou no filme. Tirando dois momentos em que tocam trechos da trilha da trilogia, o resto fica todo baseado naquela canção. Ela não é tão necessária para dar identidade ao filme.

No mais, sigo seus argumentos. Foi muito bom voltar à Terra Média!

Ivan disse...

Olá Heleno! Bem, inicialmente, deixo bem claro que minha maior reclamação é a duração do filme, e não as alterações que Peter Jackson fez.

Por exemplo, quando você diz "melhor um Radagast que um Bombadil" - no qual concordo - o ponto é exatamente este! Pois no Senhor dos Anéis eles tiveram o bom senso de tirar as partes "chatas". O que não aconteceu aqui... eles colocam "tudo". Até as canções! :)

Quanto as "mudanças", eu concordo que elas foram boas, em geral. Tornar o filme mais sombrio, entretanto, eu não gostei. Mas é verdade que com as "mudanças", as aventuras são mais conectadas, seguem um propósito definido... não é deixado "ao acaso" como é no livro. Mesmo assim, houve uma mudança que teve o efeito contrário, e por isto, também não gostei: que é o fato deles terem entrado na cidade dos Elfos "por acidente". Mesmo com o comentário do Thorin dizendo pro Gandalf "era o que você sempre queria, certo?", não é verdade... Gandalf não poderia prever um ataque tão perigoso dos Orcs.

Abraços!

Ivan disse...

Olá Rafa! Tudo bem? Ainda não me esqueci do Filmow rs. Dei uma sumida de tudo (até em termos de cinema), e um dia entrarei lá. :)

Sim, na verdade não são "invencionices", pois as coisas novas vêm mesmo dos apêndices. O que não deixam de alongar em muito o filme. E de certa forma, existem algumas "invencionices", como por exemplo as cenas de ação exageradas/absurdas (não são assim tão absurdas nos livros), e as alterações que os roteiristas fizeram em relação ao descrito no Hobbit original.

Finalmente, a trilha sonora. Acabei nem comentando no post original para não torná-lo muito grande. Mas sim, a trilha também me decepcionou. Além de bastante repetitiva, há também várias "cópias" de trilhas do Senhor dos Anéis. Tudo pela discutível desculpa de "tornar as duas trilogias mais próximas".

Abraços!

Ivan disse...

Aproveitando... Após reflexões de final de ano rs, acho que subo um pouco mais a nota do filme. Dei 7,0; mas acho que seria mais justo um 7,5 ou 8.0. Vou ficar no 7,5 por eqto. E não mudo uma vírgula de que se o filme fosse mais curto, seria bem melhor.

L. Duran disse...

Concordo com o Heleno em gênero, número e grau sobre os acréscimos!

E não achei o filme longo não...A primeira metade um pouco lenta, mas depois engrena e eu embarquei totalmente! Se tivessem mais dois filmes, eu ia embora!

Talvez porque estivesse com saudade da Terra Média.

[]´s

Ivan disse...

Olá Duran! De fato, a maior "enrolação" está no começo... Acho que seria lá que eu "encurtaria" mais partes do filme. :)

Abraços!

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