sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Crítica - As Aventuras de Pi (2012)

“Um espetáculo visual. E uma boa história.”

Baseado no livro best-selling de mesmo nome do escritor canadense Yann Martel, “As Aventuras de Pi” contam a história do jovem indiano Pi, que na adolescência foi vítima de um naufrágio em um navio onde também estavam sua família e alguns animais do zoológico de seu pai. Como resultado, ele ficou meses abandonado em um pequeno bote juntamente com alguns animais e um tigre, de nome Richard Parker, co-protagonista do filme.

O enredo começa com um Pi já adulto recebendo a visita de um escritor para ouvir sua fascinante história de vida. E os interesses do visitante não eram apenas literários. Segundo ele, lhe contaram que seria “uma história para se convencer que Deus existe”.

Este começo me decepcionou duplamente. Primeiro, por temer que o filme se tornasse uma espécie de pregação (e felizmente isto não ocorre, religião é abordada de maneira apenas superficial). E principalmente, porque fazendo o narrador do filme ser um Pi já adulto, obviamente concluímos que ele sobreviveu ao naufrágio e a quaisquer perigos que enfrentara.

Mas então é aí que entra o grande trabalho do diretor Ang Lee. Posso afirmar que as tais “aventuras” de Pi são tão bem executadas que te deixam preocupado com a vida do protagonista mesmo que seja ele contando a história. As cenas de ação são críveis e bem interessantes. Grande parte do filme se baseia na difícil (e improvável) convivência entre Pi e Richard Parker dentro de um bote. E é muito bom!

Tecnicamente o filme também impressiona. O visual é incrível, o tempo todo. Não somente as paisagens, mas também os efeitos especiais. Saiba que o tigre é 100% computação gráfica. E não será assistindo “As Aventuras de Pi” que você iria conseguir descobrir isto.

Confesso que Ang Lee nunca me chamou muita atenção, mas desta vez ele me impressionou. Não é só a fotografia. A trilha sonora é sóbria e adequada. As atuações dos atores, muito boas. E tecnicamente, é apenas no uso do 3D que tenho alguns "poréns" a comentar.

Lee usa o 3D em sua melhor maneira, ou seja, com planos bem longos, onde estes sim dão sensação verdadeira de profundidade. Mas ele poderia usar este recurso mais vezes (como fez Scorsese em seu "A Invenção de Hugo Cabret"). O diretor também usa os tais truques de “objetos saírem fora da tela” com parcimônia e de maneira inteligente. O que é bom. A grande falha dele foi exibir várias cenas onde o fundo estava desfocado. Isto é um recurso desnecessário. Afinal, a diferença de foco é justamente pra nos dar a sensação de profundidade no 2D. Se é 3D, usar pra que?

O desfecho da história de Pi é parte fundamental do filme. Após uma breve cena tocante (são pouquíssimas as que emocionam ao longo da projeção), a narrativa muda de tom e se discute, nos fazendo refletir. O final é inteligente. E só então percebemos que usar o Pi adulto como narrador faz todo o sentido. Porque o filme não é “realmente” sobre naufrágio, nem sobre religião, nem sobre homem vs natureza. É sobre saber contar uma história. E "Pi" é um grande contador. De uma história realmente boa.

Nota: 8,5

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente muito bom! O final "duplo" (é isso mesmo?) é surpeendente!
Muito bom o post, Rubens! Parabéns! :p

Ivan disse...

Fala Feustel. Só agora vi seu comentário... sorry. :(

Mas fico feliz que você tenha gostado. O final é mesmo surpreendente e faz o espectador pensar, não deixa tudo de graça. É de filmes assim que gosto. :)

Abs!

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