sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica – Amor Pleno (2012)

Título: Amor Pleno ("To the Wonder", EUA, 2012)
Diretor: Terrence Malick
Atores principais: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=a2BS4yo0FBQ
Nota: 4,5

Malick questiona o amor em um filme bem cansativo

Terrence Malick, recluso diretor estadunidense, decididamente leva a sério a questão de fazer “filmes autorais”. Afinal, seus filmes possuem características únicas, mais uma vez repetidas a exaustão em sua nova obra, Amor Pleno.

São elas: fotografia soberba, cenas curtas, muitos cortes, belas sinfonias ao fundo, a câmera sempre em movimento e muito próxima dos atores, seja acompanhando seus passos, ou ainda, girando ao redor dos mesmos. Mais ainda: na maioria do tempo a câmera pega o rosto dos personagens, para mostrar melhor suas emoções, e a narrativa, pouca, é “interior”, onde ouvimos seus pensamentos.

Amor Pleno foca principalmente em dois personagens: Marina (Olga Kurylenko), uma divorciada que mora na França e já possui uma filha de 10 anos, que se apaixona por Neil (Ben Affleck), um estadunidense que a conhece em sua visita à Europa. Marina demonstra um amor quase incondicional por Neil, e ao mesmo tempo vê nele sua chance de sair de Paris. Já Neil é uma pessoa fria, de poucas palavras, e que embora goste de Marina, não a ama tanto quando ela gostaria.

Rachel McAdams e Javier Bardem fazem papéis bem menores, sendo a primeira uma companheira de infância de Neil que agora também tenta casar com ele; e o segundo, um padre, cujo amor exibido no filme é um pouco diferente, ou seja, seu amor (não correspondido) por Deus.

O grande mérito de Terrence Malick é conseguir passar com maestria todo o cenário descrito acima para o espectador sem com isto usar recursos de narração ou diálogos. Sim, narração e diálogos existem, mas são pouquíssimos. É mesmo através da montagem e dos ângulos de filmagem que conseguimos perceber os sentimentos e a história que acontece.

Mas um filme bem executado tecnicamente não significa que ele é bom. E em Amor Pleno temos tantos cortes de cena, tanta montagem, que a experiência de assistir o filme é extremamente cansativa. Assista o trailer e vocês terão uma idéia precisa de quão frequentes e fortes os cortes são. O que se vê lá é a toada para o filme todo.

Mais ainda, o enredo é repetitivo demais. Malick é tão eficiente ao demonstrar sua história e sentimentos através de colagem de imagens que com menos de metade do filme já entendemos o que acontece... não há a necessidade de ir e voltar em pontos similares da trama, o que acontece e incha a projeção para quase 2 horas de filme. 

Outro pecado de  Amor Pleno é sub aproveitar o personagem de Javier Bardem. O fato dele, como padre, amar Deus e não ser correspondido (sua igreja está abandonada, o mundo cada vez pior, e ele, padre, jamais teve uma experiência espiritual com Deus mesmo tentando muito), e ao mesmo tempo pregar aos fiéis que Jesus nos disse para amar sempre, mesmo que seja por obrigação, é algo que renderia debates interessantíssimos. Infelizmente, como já disse, Bardem aparece pouco no filme.

O recluso Terrence Malick, que costuma demorar pelo menos 5 anos para fazer seu filme seguinte, desta vez não seguiu a regra e fez Amor Pleno um ano depois de fazer a Árvore da Vida. Pelo que vi, talvez estes 5 anos sejam mesmo o que Malick precise sempre para fazer grandes filmes. Nota: 4,5.

PS: Ben Affleck está PÉSSIMO em cena. Que medo dele ser o futuro Batman.

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