sábado, 28 de dezembro de 2013

Crítica - O Som ao Redor (2012)

Título: O Som ao Redor ("O Som ao Redor", Brasil, 2012)
Diretor: Kleber Mendonça Filho
Atores principais: Maeve Jinkings, Irandhir Santos, W.J. Solha, Gustavo Jahn
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=wweuSi_krNs
Nota: 6,0


Angustiante e fiel retrato do Brasil atual, filme peca ao não ir além disto

O Som ao Redor, filme brasileiro indicado ao Oscar deste ano, é um filme bem diferente do que estamos acostumados. Ao começar pelo seu nome, no filme não há trilha sonora. O que mais ouvimos são os ruídos das ruas... seja um cão latindo, um CD tocado alto pelo vendedor, ou seja, os irritantes barulhos urbanos que bem conhecemos. Ironicamente nem sempre o som foi bem capturado pela equipe técnica: em algumas cenas não se consegue ouvir direito o que os personagens falam.

Aqui a trama se passa em Recife, em um bairro de classe média, onde a família de seu Francisco (W.J. Solha) é proprietária de boa parte dos imóveis da região e portanto “manda” no local.

O filme nos convida a conhecer diversos personagens e sub-tramas deste conjunto de ruas. Um local – que infelizmente predomina no Brasil de hoje – feio, onde só se vê prédios e casas espremendo-se umas às outras sem nenhuma harmonia, e onde a violência se faz presente, quando vivemos trancados e com medo em casa, gastando dinheiro em aparelhos e serviços de segurança, fazendo do lar uma prisão.

Dentre os diversos personagens apresentados, e diversas tramas paralelas, duas se destacam. Na primeira, vemos Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de dois filhos, infeliz e esmagada pelo mundo ao redor. Na outra, temos Clodoaldo (Irandhir Santos) chegando ao bairro e oferecendo serviço de vigilância particular nas ruas para os moradores em troca de uma mensalidade.

Sua chegada causa dois conflitos: primeiro, a discussão entre os próprios moradores em relação a sua chegada... se ela seria algo bom ou ruim. E segundo, Clodoaldo bate de frente com Francisco. Explico: o neto de Francisco, Dinho (Yuri Holanda) é um dos principais furtadores da região... e o poderoso Francisco faz uma ameaça bem clara a Fernando: “jamais mexa com Dinho”. Nota-se portanto que mesmo nos dias de hoje ainda temos “os coronéis latifundiários” mandando em tudo, estando acima da lei.

O Som ao Redor também expõe outros assuntos, como por exemplo, a vida das empregadas domésticas, os conflitos com vizinhos ao se viver em comunidade, e toda a tensão gerada pelo convívio entre todas estas pessoas.

O filme nos apresenta todos estes assuntos passando com muita eficiência seu sentimento ao espectador. Claustrofóbico, angustiante, ao ser filmado com muitos closes e muitos ambientes fechados, O Som ao Redor passa com maestria o sentimento de opressão a quem o assiste.

Apesar desta perfeita descrição do Brasil, da classe média e de suas angústias, O Som ao Redor peca por não ir além disto. Suas tramas não possuem desfecho... apenas nos são apresentadas. Mais ainda, diversas cenas desnecessárias são jogadas a esmo ao longo da projeção, tornando cansativo um filme que poderia ser mais curto.

Apresentando com maestria seus personagens e ambiente, mas pouco os desenvolvendo, O Som ao Redor acaba sendo um filme regular, que poderia ser mais dinâmico e ousado. Nota: 6,0.


Um comentário:

Rodolfo Athayde disse...

Usando como suporte o ambiente real.... causou o impacto esperado e a discussão de sempre. Cinema, para mim, tem que surpreender, nos levando ao inesperado até mesmo na discussão. Som ao Redor é regular.

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