quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Crítica - Ela (2013)

TítuloEla ("Her", EUA, 2013)
Diretor: Spike Jonze
Atores principais: Joaquin Phoenix, Rooney Mara, Amy Adams, Scarlett Johansson 

Uma obra completa sobre as dificuldades do amar

Em sua superfície, Ela até parece ficção científica. Ou um romance pastelão. A história: Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um escritor que acabou de se separar de sua esposa (Rooney Mara) compra um inovador programa de computador, intitulado “SO1”, que promete ser o suprassumo da inteligência artificial. O programa possui uma personalidade própria, que se intitula Samantha (a voz de Scarlett Johansson), e passa a interagir com Theodore 24hs por dia. E não demora muito para eles se apaixonarem.

Mas Ela não é nenhum nem outro. Ela é um drama, que percorre por todos os sentimentos que passamos em termos de relacionamentos: do não ter relacionamento (solidão), ao extremo de ter um relacionamento feliz.

A premissa é que por Samantha não ser real, o relacionamento possuirá limitações e problemas. Porém se esta premissa é “óbvia”, o desdobramento da história não tem nada de clichê. Ao invés de demonstrar as limitações “físicas”, Ela nos traz uma viagem pelos sentimentos dos personagens:

Theodore, solitário e romântico, viu um casamento inicialmente muito feliz se desmoronar aos poucos. E mesmo se relacionando com a “personalidade perfeita”, não consegue ser totalmente feliz. E acompanhamos todo seu sofrimento, suas dúvidas, sua paixão. Com a câmera focando o tempo todo em Theodore em planos fechados, e com um tom quase monocromático de marrom, nos sentimos tão deprimidos e separados do mundo exterior como ele.

Já de Samantha acompanhamos todo seu aprendizado emocional. Extremamente “humana”, compartilhamos com ela a emoção de se ter o primeiro amigo, de se ter o primeiro amor, e de ser uma estranha no mundo dos humanos.

O filme ainda permite um tempinho para mostrar outro tipo de amor: o entre amigos, que Theodore possui em relação a sua amiga Amy (Amy Adams), que também tem suas próprias desilusões amorosas.

Ela foi indicado a cinco Oscar: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Canção Original, Melhor Trilha Sonora e Melhor Design de Produção.

A trilha sonora é de fato muito boa e adequada, nos transmitindo com exatidão a tristeza do personagem principal. Mas ao mesmo tempo, a trilha deixa de ser essencial, já que imagens, atuações e diálogos são tão bons que conseguem transmitir o sentimento de melancolia por si só.

Joaquin Phoenix atua muito bem, como sempre. Uma pena que não tenha levado nenhuma indicação. E Scarlett Johansson, quem diria... apesar de ser apenas uma voz, transmite sua emoção com maestria. Quem disse que ela não consegue ser boa atriz?

E quanto ao roteiro, ele é excepcional. Dos diálogos às reviravoltas constantes, é até o momento em que escrevo estas palavras meu preferido ao Oscar nesta categoria. Spike Jonze, o diretor, foi também o roteirista. Palmas para ele.

Ela tem um estilo bem diferente da correria que vemos nos filmes atuais. É o que popularmente chamamos de “filme cult”. Ela é um filme lento, parado, contemplativo, melancólico. E brilhante. Nota: 9,0

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