segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Crítica - Trapaça (2013)

TítuloTrapaça ("American Hustle", EUA, 2013)
Diretor: David O. Russell
Atores principais: Christian Bale, Bradley Cooper, Amy Adams, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence

Apesar do bom filme, as obras de David O. Russell continuam superestimadas

O Lado Bom da Vida conseguiu em 2013 indicações para as quatro categorias de atuação no Oscar, fato que não acontecia desde Reds, em 1981. E em 2014 o diretor David O. Russell conseguiu fazer a dobradinha da façanha, agora com Trapaça. Não só levou as quatro indicações para atores, como levou mais seis, incluindo melhor filme, totalizando dez indicações.

Em 2013, apenas a indicação de Jennifer Lawrence foi digna da indicação (e de fato ela venceu o prêmio)... o resto foi puro exagero. Desta vez, 2014, as atuações são bem mais marcantes e justas. Porém o exagero permanece... o filme não é tão bom para levar 10 indicações, principalmente a de Montagem/Edição, a qual achei mais absurda.

A história de Trapaça conta a vida de dois vigaristas, Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams), que após alguns anos de sucesso são pegos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper). Para não serem presos, resolvem ajudar o FBI a flagrar outros vigaristas.

Porém, de vigaristas, rapidamente o trio está envolvido com políticos e mafiosos, e não estavam preparados para algo tão grande. E este é o conflito que os três precisarão resolver. O fato de Irving possuir uma esposa incontrolável, Rosalyn (Jennifer Lawrence), apenas torna a vida deles mais difícil. Trapaça é levemente baseado na história real da operação "Abscam" de 1978 e seu roteiro é inteligente, entrelaçando a história de diversos personagens.

Assim como O Lobo de Wall Street, Trapaça é um filme de trambiqueiros, e portanto sua comparação é inevitável. Eles são bem diferentes: em Trapaça os personagens possuem culpa e remorso, não são crápulas em 100% do tempo. E principalmente, ao contrário do tom constante de O Lobo de Wall Street, aqui a trama cresce com o passar do tempo: quanto mais a operação do FBI cresce, mais os personagens ficam tensos e descontrolados.

Estas “vantagens” de Trapaça não o fazem dele um filme melhor. Mesmo tendo menor duração, Trapaça é um pouco cansativo, ao contrário do longo O Lobo de Wall Street, cujas horas passam voando. Para mim, isto evidencia quem é melhor diretor.

Christian Bale, que engordou bastante para o filme, está muito bem, valorizando as cenas dramáticas e as cômicas. A bela Amy Adams mais uma vez tem uma atuação competentíssima, alternando (e convencendo) como mulher forte e frágil. Jennifer Lawrence convence como uma desmiolada, mais uma vez mostrando sua versatilidade. Só Bradley Cooper não me convenceu... como sempre, ele não compromete e é só.

Se Trapaça tem um bom ritmo crescente que leva o filme de maneira correta até seu clímax, as escolhas para se contar a história são “estranhas”. Alternando narrações em primeira pessoa com longos trechos sem narrativa, usando flashbacks que não alteram em nada a trama, o filme não me agradou na montagem/edição, chegando a cometer um erro grotesco na cena em que Irving vai à casa do prefeito Carmine Polito (Jeremy Renner).

É como se estes recursos de narrativa estivessem lá apenas para tornar o filme “diferente”, não linear. Mas não adiantou muito, o filme caminha muito mais pelo lado do tradicional. De qualquer forma, também encontrei coisas “diferentes” que me agradaram: as cenas com a câmera “andando” sutilmente em primeira pessoa, que nos fazem sentir a mesma sensação de ansiedade dos personagens, quando eles entram em uma sala, por exemplo.

Trapaça é um bom filme, muito mais real que O Lobo de Wall Street, porém bem menos surpreendente que ele, levando portanto uma nota menor. Nota: 7,0.

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