quarta-feira, 28 de maio de 2014

Crítica – X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014)

Título: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido ("X-Men: Days of Future Past", EUA / Reino Unido, 2014)
Diretor: Bryan Singer
Atores principais: Hugh Jackman, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Peter Dinklage, Patrick Stewart, Ian McKellen

Bom como filme. Decepcionante como franquia.

Em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido temos a volta da famosa equipe de mutantes. Ou melhor: equipeS. O filme reúne os atores/personagens da trilogia original (que começou em 2000 e terminou em 2006) com os atores/personagens em versão jovem (a versão X-Men: Primeira Classe, de 2011). Temos então em um mesmo filme as duas versões de Charles Xavier (James McAvoy e Patrick Stewart), as duas versões de Magneto (Michael Fassbender e Ian McKellen), as duas versões de Wolverine (opa! ... ambas são interpretadas pelo Hugh Jackman).

Baseada em um arco de história em quadrinhos de 1981 e que leva o mesmo nome, a trama se passa em 2023, onde encontramos os mutantes praticamente extintos; foram caçados e massacrados impiedosamente pelos “Sentinelas”: robôs virtualmente indestrutíveis, projetados para matar o homo superior. O que restou dos X-Men “velhos” tenta sua última tentativa de salvação: mandar Wolverine para o passado, para que ele consiga alterar o futuro.

Explico melhor: os X-Men do futuro identificaram o “acontecimento-chave” que os levou a tragédia: ao matar em 1973 o criador dos Sentinelas, o empresário Bolivar Trask (Peter Dinklage), a ação de Mística (Jennifer Lawrence) teve o efeito contrário ao esperado: ao invés de encerrar o desenvolvimento dos  robôs, a brutal morte convenceu o governo dos EUA a apoiar de vez o projeto. Voltar Wolverine em 50 anos no tempo, para que ele possa alertar os jovens Xavier e Magneto do que vai acontecer, é o plano para mudar a História.

A maior parte do filme, portanto, se passa no passado. E é curioso ver que nos cortes que transportam o telespectador para os anos 70, tanto trilha sonora quanto as cores do filme emulam esta década. Igualmente curioso é que este cuidado se perde rapidamente, e principalmente nas cenas de batalha (repleta de efeitos especiais), cores e trilhas “atuais” nos fazem esquecer que voltamos no tempo.

Há duas coisas realmente boas em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.Uma delas é a atuação do trio Hugh Jackman, James McAvoy e Michael Fassbender. Eles sustentam o filme todo, com méritos.

A segunda coisa é a primeira aparição do personagem Peter (Evan Peters), que futuramente receberá a alcunha de Mercúrio. Suas cenas são breves, entretanto, visualmente impressionantes e divertidíssimas.

Os efeitos especiais mais uma vez são muito bons e a trilha sonora também agrada.

Porém se há uma coisa que X-Men: Dias de um Futuro Esquecido peca, é por sua falta de originalidade. Por exemplo, a tal trilha que elogiei lembra os “baaaauums” de A Origem (2010). E parte das tais ótimas cenas de Mercúrio lembram bastante as cenas do mutante Noturno em X-Men 2 (2003): mais uma vez temos capangas armados espancados em um corredor. E não é coincidência: o diretor de ambos os filmes é o mesmo, Bryan Singer.

Mas é a base do (bom) roteiro que realmente incomoda pela repetição. Pela 4ª vez em 5 filmes X-Men temos uma ameaça criada por humanos que culmina no duelo entre Magneto (respondendo à ameaça atacando a humanidade) e Charles Xavier (defendendo os humanos). É claro que este antagonismo entre ambos é parte essencial da franquia, porém, a fórmula já se esgotou. Passou da hora de aparecerem novas ameaças, novos vilões.

Para os fãs, rever tantos atores queridos em um mesmo filme é um deleite. Igualmente gratificante é perceber os vários easter eggs ao longo da projeção (a "dica" de que Peter é filho de Magneto é um deles). Mas ao mesmo tempo, para os fãs, o que foi feito com a franquia é algo a se lamentar.

Para quem ainda não viu X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, pule os dois próximos parágrafos, pois ao explicar o porquê da franquia ter sido prejudicada, eu conto um trecho do final do filme.

Ao encerrar, o filme deixa muito claro que o que vimos em X-Men: O Filme, X-Men 2 e X-Men: o Confronto Final foi completamente apagado da história. Foi feito um completo reboot da franquia. É algo muito parecido com o reboot feito em Star Trek. Mas há uma grande diferença. Star Trek é uma franquia que começou na década de 60, cuja cronologia passou por 10 filmes e 726 episódios de TV. É evidente que neste caso o reboot é algo necessário: fazer um novo roteiro que não em entre em contradição com nada do que foi mostrado em mais de 50 anos é praticamente impossível.

Mas e no caso de X-Men? Oras... temos uma cronologia de apenas 3 filmes cujo início não completou nem 15 anos, e que justamente no recente 2011 trouxe um ótimo filme reboot (X-Men: Primeira Classe) que provou ser possível criar histórias sem contradizer em nada a trilogia original. Então, por que resolver apagar a história agora? Para mim é um grande desrespeito a todos que assistiram os filmes passados. E mais: note que em Star Trek o reboot cria universos paralelos (eles coexistem). Em X-Men é pior: a história é realmente deletada.

Se eu fosse analisar o filme de maneira isolada, ele levaria uma nota 7,0. Mas levando em conta o quanto ele repete dos filmes anteriores, e ao mal causado à franquia, sou obrigado a baixar minha avaliação. Perceba que temos sim que avaliar o filme como franquia, pois se alguém que não assistiu os 4 filmes anteriores resolver assistir X-Men: Dias de um Futuro Esquecido não vai entender nada. Nota: 6,0.

PS: o filme possui cena pós-créditos, mas não vale a pena esperar por ela. É uma cena bem curta, e nada mais que um pequeno teaser sobre o próximo filme mutante: X-Men: Apocalipse, que sairá em 2016.

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