quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Crítica - A Teoria de Tudo (2014)

Título: A Teoria de Tudo ("The Theory of Everything", Reino Unido, 2014)
Diretor: James Marsh
Atores principais: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Charlie Cox, David Thewlis, Maxine Peake

Longe de uma biografia de Stephen Hawking, uma bela história sobre dedicação e relacionamentos

Conforme já alerto no sub-título desta crítica, A Teoria de Tudo não é uma biografia sobre o famoso físico Stephen Hawking. Baseado em um livro de memórias de nome Travelling to Infinity: My Life with Stephen, escrito pela sua companheira de longa data, Jane Wilde Hawking, o filme é na verdade a história de Stephen e Jane juntos.

E a história contada é muito bonita, romântica, inspiradora; que certamente agradará todos os públicos. Ela vai do início do relacionamento dos dois, ainda bem jovens, no primeiro ano de faculdade (quando quase na mesma época Hawking descobre que possui a doença degenerativa da esclerose lateral amiotrófica (a famosa "ELA" dos baldes de gelo)) até eles chegarem no início da velhice, na casa dos 50 e poucos anos de idade. O filme até passa de relance por algumas descobertas e frases famosas do físico. Mas se você quiser conhecer a obra de Stephen, este não é seu filme.

As principais qualidades de A Teoria de Tudo são o fato de que sua bela história é real, contada por uma trilha sonora competente, e principalmente, as ótimas atuações de Eddie Redmayne e Felicity Jones (respectivamente, o casal Stephen e Jane). Não a toa a trilha sonora e os dois atores foram indicados ao Oscar.

Felicity Jones tem uma atuação bem versátil: ela convence como a jovem apaixonada e inocente do início do filme, como também convence como a mulher madura e cansada do final. Consegue ser uma personagem forte apesar da aparência delicada. Uma bela aula de interpretação.

Mas o trabalho dela acaba sendo eclipsado pela soberba atuação do britânico Eddie Redmayne. Ele consegue ser tão "esquisito e carismático" como Hawking é. E principalmente, sua transformação física (ou melhor, degeneração), é representada de maneira brilhante. Parece que estamos mesmo diante de um paralisado Stephen Hawking nas telas. Entendo que Eddie é o favorito  para levar o Oscar de Melhor Ator deste ano. E por enquanto, é meu favorito também.

Teria A Teoria de Tudo algum defeito? Sim: a história é perfeita demais. O roteiro nos apresenta Stephen e Jane como o casal perfeito, um exagero. Melhor dizendo, ele evita a qualquer custo apresentar conflitos na tela. Ok, os conflitos até existem: as dificuldades com a doença, o ciúmes que o casal possui um do outro, a teimosia de Hawking... porém tudo isto é mostrado de maneira extremamente sutil. Você vê um olhar triste por 2 segundos e... voilá... já aparece algo alegre para desviar nossa atenção e voltarmos para o mundo perfeitamente feliz apresentado.

Apesar de ignorar completamente as "partes ruins", Stephen Hawking assistiu o filme antes do mesmo estrear nos festivais e ficou bastante satisfeito, elogiando bastante a atuação de seu intérprete e considerando a história como "amplamente verdadeira" (em suas palavras: "broadly true"). Tanto que gostou, que então ofereceu sua própria voz metálica para ser utilizada no filme, o que foi aceita prontamente pela produção.

O filme se encerra com um belíssimo discurso de Hawking, que é uma síntese do grande homem que ele é. Sua mensagem, sua perseverança, tudo é tão grande que em sua homenagem quebro meu padrão e acrescento final do texto duas fotos-homenagem.

Feito para ser belo e não desagradar ninguém A Teoria de Tudo é mais um filme desta safra recente nos cinemas que tem em sua força ser baseado em uma história real e ser agraciada com grandes atuações. Nota: 7,0

Um momento de rara beleza: em 2007, já com 65 anos, Stephen Hawking participa de um experimento de gravidade zero junto a astronautas. Em suas palavras: "Foi um momento que temporariamente removeu minha deficiência. Uma sensação de verdadeira liberdade" 

Os verdadeiros Stephen Hawking e Jane Wilde posando junto com seus competentes interpretes Eddie Redmayne e Felicity Jones em foto de 2014

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