sexta-feira, 1 de maio de 2015

Crítica - Vingadores: Era de Ultron (2015)

Título: Vingadores: Era de Ultron ("Avengers: Age of Ultron", EUA, 2015)
Diretor: Joss Whedon
Atores principaisRobert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, James Spader, Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Cobie Smulders
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=lGO6FcnZ0ek
Nota: 7,0

Continua bom e divertido, mas agora requer conhecimentos prévios do espectador

Começarei esta crítica explicando o sub-texto da mesma. Vingadores: Era de Ultron não é um filme "independente", é o capítulo do meio de uma Grande História contada pelos filmes da Marvel nos cinemas. O vilão Ultron (James Spader) pode até ter o seu nome no título, mas na verdade, ele representa apenas uma subtrama do filme, é quase um MacGuffin.

O que realmente temos em Vingadores: Era de Ultron é uma consolidação/resumo de todo o Universo Marvel Cinematográfico (UCG) até agora. Mais do que contar uma história nova, ele aproveita para desenvolver mais os personagens do primeiro Vingadores, em especial o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Hulk (Mark Ruffalo) - os dois primeiros nunca tiveram filme solo. O filme também serve para montar o terreno da "Fase 3" do UCG, citando várias vezes que "uma ameaça maior que ainda está por vir" e as Jóias do Infinito. E não para aí: Vingadores 2 traz dezenas de referências e personagens dos filmes anteriores da Marvel.

Ou seja, se antes de assistir Vingadores: Era de Ultron o espectador não tiver assistido no mínimo Vingadores 1, um dos filmes do Homem de Ferro, um dos filmes de Thor e Capitão América: O Soldado Invernal, arrisco a dizer que ele não entenderá pelo menos 30% do que está acontecendo. Isto sem falar que apesar de serem citadas em quase todo filme da Marvel, as tais Jóias do Infinito nunca foram explicadas de maneira decente nos cinemas, o que significa que até mesmo quem assistiu todos os filmes precisaria buscar informações nos quadrinhos para não ficar perdido neste pormenor. Mas você pode ler sobre elas aqui. Em suma, você precisa ter uma certa bagagem de informação para poder desfrutar de todo Vingadores: Era de Ultron.

Falando agora sobre o filme em si, assim como em Os Vingadores, o ponto forte de Vingadores: Era de Ultron não são as cenas de ação, e sim, os diálogos e as interações entre os personagens. Mas ambos possuem um balanceamento diferente nestes quesitos: em comparação ao Vingadores anterior, Vingadores: Era de Ultron possui mais cenas de ação, porém são de qualidade levemente inferior; por outro lado, os diálogos são levemente superiores. Não dá para negar que os diálogos são o ponto forte de Vingadores 2. Inspiradíssimos, graças a eles este foi o filme da Marvel que mais ri e me diverti (esqueça esta bobagem de que o filme é sombrio). E as falas não são apenas sobre humor. O roteiro debate rapidamente assuntos como criador vs criatura, vida biológica vs vida artificial, e corrida armamentista.

Mesmo sendo divertidíssimo e contando com efeitos especiais, som e imagem de primeiro nível, Vingadores: Era de Ultron também possui seus problemas. Neste ponto, o filme é bem mais irregular que seu anterior.

Para começar, a edição é problemática. Tantas subtramas e coisas acontecendo em paralelo não é uma tarefa fácil de conciliar, e o diretor / roteirista Joss Whedon comete, portanto, seus deslizes. Algumas cenas breves acontecem sem vermos suas consequências depois (certamente sumiram na edição: originalmente, a primeira tentativa do diretor foi entregar um filme com 1 hora a mais, o que foi barrado pelos executivos). Algumas destas cenas que "sumiram" poderiam ter permanecido se outras cenas menos inspiradas saíssem. Exemplo: em um determinado momento, temos 3 robôs voadores ultra-fortes transportando um caixão. Mas ao invés de simplesmente pegar a caixa e saírem voando, o que eles fazem? Fogem dentro de um caminhão(??)!! Tudo isto apenas para que exista uma perseguição de veículos no trânsito, uma cena de qualidade apenas razoável que não precisava ter entrado.

Problemas similares acontecem com o excesso de personagens. Com exceção dos Vingadores originais, nenhum outro personagem possui um desenvolvimento decente. A dupla Pietro (Aaron Taylor-Johnson) e Wanda (Elizabeth Olsen) são tão "jogados" na história que sequer tem o nome de seus alter-egos citados (Mercúrio e Feiticeira Escarlate, respectivamente).

Mas o pior desenvolvimento vai para Ultron, que embora seja bem amedrontador em suas primeiras cenas, com o passar do tempo nem convence como ameaça. Este é o principal ponto negativo do filme. A batalha final contra ele simplesmente não empolga. Não deixa ser curioso que em contrapartida, em Vingadores 1, feito pelo mesmíssimo diretor, a derradeira batalha é espetacular. Sobre este final, comentarei mais em meu "PS".

Ok, mas se a batalha final é bem ruim, a batalha do Homem de Ferro contra o Hulk é simplesmente épica! Sensacional! Bastante empolgante! Esta sequencia de ação, somada às piadas envolvendo o Martelo do Thor, só estas duas coisas já valem o ingresso. Ah, por falar em ingresso, o 3D de Vingadores: Era de Ultron é dispensável. Se ao mesmo tempo não compromete, faz pouca diferença positiva.

Devido sua irregularidade, e principalmente devido ao fato de Vingadores: Era de Ultron não ser um filme auto-suficiente (ele depende de que assistamos alguns dos filmes anteriores), encerrarei a crítica com duas notas. Como um filme isolado, para quem não assistiu nada da Marvel antes, eu dou uma nota 6. Já considerando o filme como sendo "o segundo capítulo de uma grande história", ele leva nota 7, já que o considero levemente inferior ao primeiro Vingadores, que levou 8. E como Vingadores 2 foi concebido justamente para ser visto como "continuação", a nota "final" para este divertido filme é mesmo o 7,0.



(ATENÇÃO: só leiam os PS's DEPOIS de assistir o filme, o texto contém spoilers)

PS1: Ultron supostamente quer matar toda a humanidade mas não demora muitas cenas para ver que ele não tem coragem de machucar os Vingadores. São várias as cenas que ele simplesmente poderia matar os heróis; mas não o faz... fica apenas se gabando de seus "planos malignos". Decepcionante, para não falar ridículo.
Isto sem contar que na batalha final suas centenas de cópias não apresentam nenhuma ameaça. Os robôs são frágeis ao extremo: todos caem com um mísero golpe. Pior ainda uma cena em que - não me lembro se foi o Gavião ou a Viúva Negra - leva diretamente no peito uma rajada de energia de um dos robôs e... nem se machuca.
Saibam que, curiosamente, o planejado original para aquele momento em que Thor provoca Ultron com um "isso é tudo que você tem?" era que ao invés das centenas de cópias tivéssemos um Ultron gigante, o que não foi feito por uma soma de falta de tempo e dinheiro. Uma pena. Este tal "robozão" poderia ter salvado o final do filme.

PS2: não deixa de ser bacana o esmero da Marvel nos pequenos detalhes. Me deixou particularmente satisfeito terem utilizado o ator Paul Bettany - quem fez a voz de Jarvis em todos os filmes do Homem de Ferro - para enfim aparecer fisicamente pela primeira vez como o personagem Visão. Nada mais justo e coerente.
Outra coisa que gostei bastante foi a escolha de Mercúrio e Feiticeira Escarlate para serem os novos Vingadores. A revista dos Vingadores surgiu em 1963, e a formação inicial contava com Thor, Hulk, Homem-Formiga, Vespa e o Homem de Ferro. Logo depois veio o Capitão América. E dois anos depois, em 1965, surgiu a primeira "nova formação" com o Capitão América liderando e introduzindo os três novatos... Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate e Mercúrio! Muito bacana a Marvel respeitar sua própria história.

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