quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crítica - Rogue One: Uma História Star Wars (2016)

Título: Rogue One: Uma História Star Wars ("Rogue One", EUA, 2016)
Diretor: Gareth Edwards
Atores principais:  Felicity Jones, Diego Luna , Riz Ahmed, Ben Mendelsohn, Forest Whitaker, Mads Mikkelsen, Donnie Yen, Jiang Wen
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=9oISQcXuki0
Nota: 6,0
Muita "Guerra" e pouco "nas Estrelas"

Para quem não está muito familiarizado com o universo de Star Wars, incio com uma explicação: até agora a franquia já teve 7 filmes (Os Episódios de I ao VII), que são continuações de uma única grande história. Já Rogue One: Uma História Star Wars é o primeiro filme derivado da série: uma história fechada com começo, meio e fim; e que cronologicamente se passa imediatamente antes do Episódio IV.

Na história, a Aliança Rebelde descobre que o Império está construindo uma arma tão poderosa que é capaz de destruir planetas. É então que os rebeldes "convocam" a jovem Jyn Erso (Felicity Jones) para ajudá-los a impedir que a arma seja finalizada. Erso é uma pessoa importante para a Aliança pois ao mesmo tempo que ela é filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen) - o cientista por trás da construção da tal super-arma - ela também é amiga de Saw Guerrera (Forest Whitaker), um líder separatista cuja facção seria essencial na luta contra o Império.

Quando o primeiro filme de Star Wars surgiu em 1977 - justamente o Episódio IV - ele foi um estrondoso sucesso de público pois reunia características difíceis de se encontrar nos cinemas da época: alucinantes batalhas entre naves no espaço; empolgantes duelos de sabres de luz, e uma espécie de "religião" baseada em uma Força universal que conecta todos os seres vivos... e que concede super-poderes.

39 anos depois surge o filme Rogue One: Uma História Star Wars e ele não traz para as telas nenhuma destas três características tão essenciais para a franquia. O que sobra então? Guerra, guerra e mais guerra. Um filme em que a grande maioria das batalhas são em terra, usando pistolas, metralhadoras, bombas e até lança mísseis. É praticamente um filme de guerra dos anos 2000 com os soldados vestindo roupas esfarrapadas (no caso dos rebeldes), ou lustrosas armaduras metálicas (no caso dos imperialistas). Rogue One só lembra Star Wars de verdade em seus 15 minutos finais, que aliás são de longe o melhor pedaço desta produção.

Apesar da grande descaracterização da franquia, a história em si não é ruim. Funciona como um bom filme "padrão" do gênero de guerra, com boas cenas de ação. Sua única e maior novidade é trazer para Star Wars pela primeira vez uma guerra "de verdade". Muito longe das batalhas "limpas" da trilogia clássica onde os rebeldes apenas se defendem, em Rogue One os soldados da Aliança atacam desesperadamente seus inimigos, com táticas as vezes nada heroicas que estão entre a guerrilha e o terrorismo.

Apesar de uma trama interessante, o roteiro padece com vários problemas estruturais. Contando a história de maneira sempre apressada e com muitos cortes, o desenvolvimento dos personagens é pífio. É praticamente impossível sentir empatia com qualquer pessoa de Rogue One. O único personagem que possui algum carisma - o lutador cego de "kung-fu" Chirrut (Donnie Yen) - parece estar em filme errado: ele faz muito mais sentido dentro do universo de filmes como O Tigre e o Dragão (2000), do que Star Wars.

Dizem os produtores que o filme possui muitos minutos que foram cortados na edição final. A questão é que dentro das 2h14min de Rogue One daria tempo para desenvolver vários personagens... isto se eles não tivessem optado por gastar espaço para mostrar centenas de fan services. Temos participações especiais - dentre muitas outras - de R2-D2, C-3PO, o senador Bail Organa, Darth Vader, Cornelius Evazan, a Princesa Leia e o Governador Moff Tarkin; sendo estes dois últimos imagens feitas por computador que não me convenceram como atores reais.

Tecnicamente, Rogue One também falha em vários aspectos. É verdade que o filme aproveita para trazer imagens belíssimas de planetas e outros objetos espaciais. Entretanto, na maior parte do tempo as imagens são em ambientes apertados e fechados, exagerando nos closes no rostos dos atores e desfocando todo o ambiente ao fundo. Sinceramente, em pleno ano de 2016 vender um filme em 3D com tanta limitação de foco (em 3D "de verdade" não há a necessidade do plano ao fundo perder foco porque afinal de conta as imagens são em... 3D!) é um insulto ao público.

Outro ponto fraco de Rogue One é sua trilha sonora. Pela primeira vez o mestre John Williams ficou de fora de um filme de Star Wars e ele fez muita falta. Para piorar, o trabalho de seu substituto Michael Giacchino foi prejudicado por problemas de cronograma - ele teve apenas quatro semanas e meia para compor toda a música do filme - e o resultado foi uma trilha fraquíssima.

Apesar dos muitos problemas, Rogue One: Uma História Star Wars ainda consegue entreter. Seria ele, entretanto, uma obra relevante para a franquia de Star Wars? A resposta: sim, embora não tanto. O filme deixa três legados importantes na mitologia: consegue "corrigir" um grande furo de roteiro relacionado a Estrela da Morte, dá uma explicação aceitável para a mira ruim de todos os stormtroopers, e nos apresenta de maneira bem mais clara o quanto a situação da Aliança Rebelde era desesperadora (isto é mais detalhado no universo expandido, mas foi pouco mostrado nos outros filmes). Nota: 6,0

2 comentários:

carolbalas disse...

Parabéns Ivan!SHOW!

Ivan disse...

Obrigado pelos elogios, Carol :)

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