sexta-feira, 9 de junho de 2017

Dupla-Crítica: Corra! (2017) e Silêncio (2016)


Dois filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2017 mas que já saíram de cartaz. Eles possuem alguma relação? Sim: temas polêmicos e lados opostos de campanhas de divulgação. Enquanto Corra! teve uma massiva campanha publicitária em nosso país, Silêncio passou despercebido pela mídia, e exibido em pouquíssimas salas. E olhe que estamos falando de um filme do grande Martin Scorsese!

Vamos a breves análises sobre cada um deles.


Corra! (2017)
Diretor: Jordan Peele
Atores principais: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford, Catherine Keener

Dirigido e roteirizado pelo ator e comediante negro Jordan Peele, o filme foca totalmente no tema racismo. Sendo mais filme de terror do que suspense, os personagens são tão bizarros e a história é tão inverossímil, que Corra! acaba se afastando um pouco do mundo real, o que infelizmente enfraquece seu forte tom de crítica social.

Apesar dos problemas no roteiro e diálogos (várias vezes vemos pessoas falando sozinhas em voz alta para "entender" o que elas estão pensando - um recurso bem pobre), Corra! também possui algumas boas qualidades. O diretor tem seus méritos em deixar o espectador o tempo todo desconfortável, tenso. Por transmitir estas sensações, Peele merece elogios e minha futura atenção.

O maior ponto forte de Corra! é o elenco. Todos estão muito bem, em especial a dupla protagonista Daniel Kaluuya e Allison Williams. A atriz - que eu desconhecia até então - me impressionou bastante.

Resumindo, Corra! é uma espécie de episódio de nível razoável do falecido seriado Além da Imaginação, ou ainda, do atual seriado Black Mirror. Como diretor, Peele está aprovado. Já como roteirista... no mínimo ele precisa estudar um pouco mais sobre ciência básica. Nota: 6,0


Silêncio (2016)
Diretor: Martin Scorsese
Atores principais: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Tadanobu Asano, Yôsuke Kubozuka, Issei Ogata

Filme de Martin Scorsese, em desenvolvimento pelo diretor desde 1990. Somando os fatos, Silêncio deveria ser um grande evento. Entretanto o filme foi injustamente ignorado nos EUA e no Brasil... provavelmente pelo seu tema.

Baseado em um livro de ficção de 1966 escrito pelo japonês Shūsaku Endō, a trama se passa em 1640, onde acompanhamos a viagem dos padres jesuítas Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) para o Japão, com a missão de "resgatar" o padre Ferreira (Liam Neeson), que partira para o Oriente para catequizar os japoneses.

O forte teor histórico e a belíssima fotografia são os pontos fortes de Silêncio. O filme também debate questões como: "qual a verdadeira eficiência de converter uma pessoa de cultura e religiões completamente diferentes das suas?", ou ainda, "vale a pena morrer em nome de sua crença?".

Se as perguntas são bem relevantes, é o desenvolvimento em volta delas que enfraquece Silêncio. As mesmas questões são repetidas durante todo o filme, com os personagens ponderando sobre o assunto enquanto são continuadamente torturados pelos japoneses.

Contemplativo e melancólico, Silêncio possui várias cenas marcantes e temas interessantes para quem gosta de história e teologia. Porém seu excesso de duração e a falta de variações nas cenas enfraquecem um pouco o seu resultado final. Nota: 7,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...