quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Crítica - A Visita (2015)

Título: A Visita ("The Visit", EUA, 2015)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=Uo5o_5tJKdk
Nota: 5,0
Shyamalan repete a fórmula que o consagrou... e novamente sem bons resultados

O diretor M. Night Shyamalan estourou nos cinemas com O Sexto Sentido (1999) utilizando o seguinte recurso: roteiro de suspense/terror com uma grande revelação/reviravolta nos momentos finais. A partir de sua obra prima, foram mais 5 filmes seguidos utilizando a mesmíssima fórmula: Corpo Fechado (2000), Sinais (2002), A Vila (2004), A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). E a cada novo lançamento, bilheteria e crítica eram (de maneira justa, aliás) piores que o anterior.

Cada vez inspirando menos confiança dos produtores e público, Shyamalan até tentou mudar: abandonou o mistério e o suspense e investiu em dramas de ação. Vieram então O Último Mestre do Ar (2010) e Depois da Terra (2013), ambos fracos.

Então chegamos aos dias de hoje. Será que o indiano iria tentar uma 3ª fórmula diferente desta vez? Que nada, ele voltou ao seu formato inicial! Em A Visita, os adolescentes Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) viajam para passar uma semana na casa dos avós e conhecê-los (como a mãe deles não fala com os pais há 15 anos devido a uma briga, Becca e Tyler irão encontrá-los pela primeira vez). Inicialmente simpáticos, os velhinhos vão se mostrando a cada dia mais estranhos. O que será que há de errado com eles?

Se A Visita segue o mesmo formato do suspense + reviravolta, há duas principais diferenças do mesmo em relação aos filmes anteriores de Shyamalan. Pela primeira vez desde 1999 ele trabalha sem estrelas hollywoodianas (após fracassar várias vezes, é o que acontece...), e também, agora temos um filme em grande parte filmado "em primeira pessoa". Com a desculpa de que Becca está fazendo um documentário, muitas cenas são filmadas "na mão" por uma das duas crianças. Ao mesmo tempo que esta estratégia aumenta com sucesso a tensão na trama, por outro lado, estamos na verdade diante de uma simulação de "câmera amador" já que as imagens são em geral fixas, pouco tremem, estão sempre com foco e iluminação adequadas... isso mesmo quando o câmera está em movimento (ou seja, quem realmente filmou não estava com uma simples camerazinha na mão, e sim, com uma estrutura bem mais elaborada por trás dando suporte).

Há de se elogiar que o clima de suspense é muito bem montado em A Visita. A tensão vai crescendo minuto a minuto, reforçada com competência com cada nova "bizarrice" dos avós. Pena que todo este bom desenvolvimento morre quase que instantaneamente após a "revelação surpreendente". Aliás, a tal "grande surpresa" faz bastante sentido, amarrando bem todas as dicas dadas ao espectador ao longo da projeção. O problema então não é a revelação em si, mas o que acontece após ela. São pelo menos mais 25 minutos de monotonia e constrangimento. Terrível!

Em termos de atuações, enquanto as atrizes estão muito bem, os rapazes (neto e avô) não convencem e atuam mecanicamente. Tecnicamente, apenas a fotografia merece alguns elogios, o resto não me chamou atenção positivamente.

Se para mim A Visita é mais uma "bomba" de Shyamalan, pelo menos em termos de recepção o filme é um bom respiro para a carreira do diretor. Primeiro porque - reconheço - este filme é menos ruim que os últimos dele (na verdade o filme tem recebido elogios moderados da crítica especializada e do público). E segundo porque no momento em que escrevo este texto a bilheteria mundial de A Visita se aproxima dos US$ 85 milhões, sendo que o filme - de baixíssimo orçamento - só custou US$ 5 milhões. Ou seja, com este ótimo lucro, ainda veremos mais Shyamalan no futuro. Rumores recentes dizem que seu próximo projeto irá focar no sobrenatural e contará com James McAvoy (o Xavier da nova trilogia X-Men) no papel principal. Nota: 5,0.

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